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domingo, 23 de junho de 2013

Dicas: Como escrever um bom texto dissertativo

Como escrever um bom texto dissertativo



Uma boa dissertação deve ser bem estruturada, mas também deve ter uma linguagem bem trabalhada, ou seja, é preciso seguir a norma culta e procurar construir um texto que use uma linguagem mais formal. Para que você consiga trabalhar bem com esse nível de linguagem, procure ler sempre editoriais e artigos de opinião de jornais, prestando bastante atenção ao modo como os autores desses textos exploram os recursos linguísticos.

Para ter um exemplo de um texto que trabalha bem com a linguagem, leia a dissertação abaixo produzida por um aluno e disponibilizada por um professor muito competente na área.


Falsa solidariedade

Todo ano vemos, em nosso país, campanhas para arrecadar agasalhos, alimentos, todas elas de muito "sucesso", segundo a mídia e organizadores, mas fica difícil entender: se têm êxito, por que são necessárias todo ano? Provavelmente pelo fato de não ser realmente solidariedade, são apenas atos paliativos e efémeros, os quais são feitos para nos redimirmos de nosso individualismo, livrando-nos da culpa de ver alguém sofrendo.
O Brasil – segundo pesquisa divulgada no jornal O Estado de São Paulo - é o país mais solidário do mundo, no entanto aqui reina a miséria e a desigualdade; tal fato, se visto de uma maneira geral, pode levar a conclusões equivocadas, pois poderíamos pensar que a solidariedade não tem serventia. Contudo, na verdade, o que o brasileiro faz, em grande parte, é dar esmolas, ato que não surte efeito. Embora amenize a sensação de culpa, torna as pessoas dependentes, necessitando, assim, de uma constante "doação", tornando-nos um povo muito solidário.
No entanto, existe a solidariedade verdadeira, fruto da vontade de ajudar, não havendo interesses pessoais por trás das atitudes. Um exemplo disto é Dona Zilda Arns, da Pastoral da Criança, ela conseguiu, através de vários projetos, baixar a taxa de mortalidade infantil em várias regiões brasileiras; além dela, existem os anônimos, que atuam em hospitais, escolas e fundações que apoiam pessoas em dificuldade, estes praticam a solidariedade em troca de sorrisos e "obrigados". Eles levam a felicidade que, como a solidariedade, é algo sem preço.
No Brasil confunde-se solidariedade com esmola, este é o motivo da ineficácia das campanhas: doando estamos apenas fazendo com que os outros se tornem dependentes. O correto seria dar condições para que todos pudessem se tornar independentes. Embora essas doações sejam um começo, é necessário que não nos prendamos somente a essas atitudes, precisamos evoluir para a solidariedade verdadeira, fruto da espontaneidade, não da culpa.


Recursos linguísticos usados pelo aluno na dissertação:

Vejamos agora alguns recursos empregados por esse aluno que ajudaram a deixar a linguagem do texto em um nível acima da média dos que prestam um vestibular.

1) Título objetivo

O título desse texto retoma as palavras principais do ponto de vista defendido pelo autor, portanto esse título é curto, objetivo e faz um resumo do que será discutido no texto. Assim, temos um título muito bom para uma dissertação.

2) Separação do texto em parágrafos

O texto está organizado em parágrafos, os quais têm vários períodos em seu interior. Ao lermos o texto, conseguimos perceber claramente em que parágrafo está a introdução, os argumentos e a conclusão.

3) Exploração de um vocabulário típico da escrita com linguagem formal

Note que o aluno usou desde o primeiro parágrafo palavras como "efémero", "paliativo", "redimir" etc, as quais não são usadas em nossa fala cotidiana, mas são encontradas em textos mais formais de jornais ou livros. Além disso, não encontramos, no texto, problemas de ortografia ou acentuação.

4) Exploração dos sinais de pontuação

No texto, não encontramos só os tradicionais ponto final e vírgula. Há aspas, ponto-e-vírgula, travessão, interrogação, os quais ajudam a deixar o texto mais coeso e a veicular melhor o sentido pretendido pelo autor.

5) Exploração de conjunções

O aluno usa conjunções para estabelecer as relações entre as frases e os parágrafos, contudo conjunções mais típicas da escrita como "no entanto", "embora", "assim" etc.
Por fim, lembre-se de que você também pode escrever usando uma linguagem mais formal: leia bastante, consulte gramáticas e dicionários; e, procure sempre, ao construir os seus textos, fazer um rascunho antes e, a seguir, revisar bem a linguagem, procurando sempre ver como poderia melhorá-la, adequando-a ao padrão culto e formal do português.

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