Para Simão de Miranda, educador,
mestre em Educação e doutor em Psicologia pela Universidade de Brasília, o
trabalho do professor no combate ao desestímulo é diário. "Ele precisa
investir na sua relação com as crianças, mostrar que gosta de conviver com elas
e de partilhar todos aqueles momentos. Ele deve passar confiança, para que os
alunos dividam seus medos e inseguranças, inclusive aquelas ligadas ao
aprendizado", aconselha Miranda, autor de 20 livros, entre eles
"Professor, Não Deixe a Peteca Cair" e "100 Dicas Para a
Auto-estima do Aluno", ambos pela editora Papirus. A seguir, ele e outros
profissionais da Educação (além de um jovem estudante) apontam comportamentos
do professor que podem desestimular os alunos.
1. Falta de motivação do professor
Simão de Miranda, educador e
psicólogo, acredita que um dos principais geradores de desestímulo nos alunos é
a falta de motivação no próprio professor. "É uma cadeia. O professor
desmotivado não se mobiliza para encontrar iniciativas criativas e inovadoras
dentro do contexto da Educação. Ele espera que as soluções para suas aulas
apareçam prontas, como num toque de mágica, ou venham de autoridades públicas,
sendo que também cabe ao professor buscar novos recursos pedagógicos e
metodologias que estimulem seus alunos em seus aprendizados", opina o
professor Miranda.
Um professor pouco estimulado e
que não acredita no seu potencial de educador produz aquém do que sua
capacidade permite e não aproveita devidamente os recursos que tem em mãos ou
que sua escola oferece. Não raramente, esquece-se de que é uma peça-chave da
sociedade na formação de cidadãos. "O educador precisa crer no valor de
sua profissão, saber que esse ofício vai muito além da missão de passar
conteúdos didáticos. E este pode ser um pensamento promissor para o professor
se sentir mais motivado e conseguir transmitir mais paixão aos alunos,
estimulando-os também", aponta Miranda.
2. Falta de afeto
Poucas relações são tão intensas
quanto a do professor com seus alunos. Eles se encontram diariamente, por um
período ou mais, e permanecem juntos durante todo o ano letivo, realizando uma
série de atividades. No entanto, nem sempre chegam a estreitar laços afetivos,
o que, para o educador e psicólogo Simão de Miranda, pode provocar desestímulo
nos alunos. "Uma convivência diária sem afetividade torna-se intragável
para todos e compromete o interesse dos alunos pelo ambiente, pelas vivências e
pelos conteúdos passados", garante o professor. "Quando há afeto, há
confiança, há respeito, e cria-se um ambiente muito mais propício para o
sucesso do processo de aprendizagem", afirma Simão de Miranda.
Heliane Fernandes Rotta,
administradora escolar do Sesi 085, em Piracicaba, SP, concorda: "Ao longo
de minha trajetória profissional, sempre notei que a motivação do aluno está
intimamente atrelada ao relacionamento interpessoal dele com o professor.
Relacionamento este que deve ser respeitoso, mas não permissivo; firme, mas não
rude, e que, por meio dele, o educador consiga perceber tanto as dificuldades
quanto as potencialidades do aluno, estimulando-o a superá-las ou a
desenvolvê-las."
3. Falta de cuidado com a aparência
Isso mesmo! Para a educadora
Neide de Aquino Noffs, coordenadora do curso de psicopedagogia da PUC-SP e
professora da Faculdade de Educação da mesma instituição, a aparência do
professor faz toda a diferença quando o assunto é despertar o interesse do
aluno ou incentivá-lo a estudar mais. "O aluno está construindo sua
identidade, e o professor é, sem dúvida, uma referência importante. Se ele vai
para a escola com um visual desagradável, usando roupas sujas ou amassadas,
certamente vai desestimular o aluno a interagir e a dialogar com ele",
explica Neide Noffs, que completa: "Não quero dizer que o professor
precisa vestir roupas caras, sofisticadas, formais. Mas precisa estar com uma
aparência boa, leve, e ter uma higiene pessoal impecável, inclusive para
estimular o aluno a também se cuidar."
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