Pouco antes de morrer, Roland Barthers pronunciou a sua
conferência inaugural como professor do College de France. Sabia que estava
ficando velho, mas saudava a velhice como tempo de recomeço, o início de uma
vita nuova. E ao terminar sua fala fez uma confissão pessoal espantosa. Disse
que havia chegado o momento de entregar-se ao esquecimento de tudo o que
aprendera. Tempo de desaprender. As cobras, para continuar a viver, têm de
abandonar a casca velha. Também ele tinha de abandonar os saberes com que a
tradição o envolvera. Somente assim a vida poderia brotar de novo, fresca, do
seu corpo, como a água brota das profundezas onde estivera enterrada. E disse
então que este era o sentido de ficar sábio:
“Nada de poder;
um pouquinho de saber;
e o máximo possível
de sabor...”
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